31/01/2018
O debate sobre asseguradores (para escalada) parece eterno. Acho que será, já que a escalada é dileção e você elege ou adere à técnica esportiva e de segurança segundo questões racionais, que se alimentam de opiniões, questionamentos e experiências. Ou seja, debate.
Veja bem, nesse momento falo sobre asseguradores para escalada, e não freio para rapel. São equipamentos e técnicas distintas.
A física está sempre presente, mas não monopoliza a questão.
O fator humano é imprescindível.
Atenção, foco, auto controle, paciência, tempo de reação ocupam espaço no debate tanto quanto ângulos, vetores, valências físicas, engenharia de materiais, posição de proteções e demais objetividades.
Nesse momento, lendo muita avaliação sobre equipamentos de asseguramento na internet, principalmente nos vídeos de fabricantes, comerciantes e treinadores, sobretudo em inglês, espanhol e francês, vejo que uma certeza se desconstrói: havia quase unanimidade sobre a ideia de que iniciantes deveriam usar os "atc" e os (quase) autoblocantes como Grigri e derivados deveriam ser manuseados por pessoas com alguma experiência prévia.
Ora, isso parecia tão óbvio que escondia a ausência de discussão. O argumento era que os atc são mais simples, portanto mais indicados para neófitos. Entretanto isto foi finalmente questionado. Se o iniciante precisa conhecer melhor os gestos esportivos de assegurar o escalador, e carece de firmeza e prática, então ele precisa de um equipamento de RESPOSTA mais rápida e menor DEPENDÊNCIA da reação do ator.
Eis que os equipamentos mais responsivos são aqueles inspirados no Grigri. Até desatento existe uma boa chance de o assegurador garantir o travamento da queda do escalador.
Isto não acontece com os ATC. Se o assegurador vacilar, a corda corre e a queda é maior do que a necessária, aumentando os riscos.
Então esta nova vertente do debate privilegia a... SEGURANÇA! e não a didática sobre o iniciante. Não parece, agora, tão óbvio?
O que é preciso é acompanhar a correta instalação da corda, ponto fraco dos Grigi. É o momento no qual o erro pode se apresentar. E treinar bem a manipulação do equipamento. Dar corda no Grigri não é tão intuitivo quanto nos Atc, então novos erros aparecem. Dá trabalho, mas me forço a concordar que a complexidade dos Grigri tem na eficácia da segurança o contraponto que os afirmam como elegíveis para iniciantes. Tenho feito isso na pedra.