O município de Tracuateua (situando a 188 Km2 de Belém e com uma população de 28 mil habitantes) foi criado através da Lei nº 5.858, de 29 de setembro de 1994, sancionada pelo Governador Carlos Santos e publicada no Diário Oficial de 30 de setembro do mesmo ano. Foi desmembrado do município de Bragança, com sede na localidade de Tracuateua, que passou à categoria de cidade, com a mesma denominação
. Sua instalação aconteceu no dia 1º de janeiro de 1997, com a posse do Prefeito Jonas Pereira Barros, do Vice-Prefeito e Vereadores eleitos no pleito municipal de 03 de outubro de 1996. A origem do Município está relacionada com a fundação do povoado de Tracuateua, que surgiu com a Estrada de Ferro de Bragança, a qual teve sua construção iniciada em 24 de junho de 1883, época em a Província do Pará era presidida pelo Visconde de Maracaju. Somente em 1908, depois de quase 25 anos do início da construção da Estrada de Ferro, é que foi inaugurada a parada de Tracuateua, constituindo a penúltima parada do trem antes de chegar ao seu destino final, que era a cidade de Bragança. A inauguração solene da Estrada de Ferro de Bragança aconteceu em 3 de maio daquele mesmo ano, com viagem que saiu da Estação São Braz, em Belém, às 6 horas e 15 minutos da manhã, chegando a Bragança às 15 horas. Governava o município bragantino o Intendente Major Simpliciano Fernandes Medeiros. Nesta ocasião, já haviam sido construídas algumas estações, como as de Benevides e de Apeú (1897); a Estação de Jambuaçú (1903), localizada no Km 105; a Estação do Livramento (1907), no Km 141; as Estações de Peixe-Boi e Capanema (1908), no Km 163 e Km 182, respectivamente; a Estação de Tracuateua e, finalmente, Bragança, no Km 234. Ao todo, a ferrovia possuía 300 quilômetros de trilhos. Tracuateua em tupi signif**a "terra abundante de tracuás". Tracuá é um cipó da família das Tráceas (Philodendron Miyrmecotrilun Engel). É uma planta epífita: raízes aéreas tendentes e delgadas muito compridas. Habita os ninhos das formigas também chamadas de Tracuás. CULTURA
O município de Tracuateua é rico em manifestações religiosas. No mês de maio, na vila de Jurussaca, acontece a festa da coroação de Nossa Senhora. Há 16 anos essa festa é realizada e mobiliza todo o grupo que prepara as roupas das participantes, o cenário e a liturgia, com capricho que se nota nos detalhes da indumentária. Na porta da igreja, uma espécie de arquibancada com cerca de 10 degraus acomoda os personagens. Na fileira mais altas f**am as três virtudes - Fé, Esperança e Caridade; logo abaixo, o anjo Gabriel e Santa Terezinha; e, por fim, os anjos e a coroante, um garota escolhida previamente para coroar a Virgem. Nossa Senhora de Nazaré é homenageada no segundo domingo do mês de agosto, com procissão do Círio que sai da Praça da Matriz (Paróquia de São Sebastião). A Festa de Todos os Santos, que acontece no mês de outubro, tem origem num fato curioso e marcante na vida de um antigo morador: Benedito Antônio de Araújo, já falecido. Para escapar ao pega-pega - quando os jovens eram engajados compulsoriamente para treinamento na Força Expedicionária Brasileira, durante a II Guerra Mundial Benedito fez uma promessa: se acaso f**asse livre da guerra, reuniria todos os santos da região de Tracuateua e em homenagem a eles passaria a organizar uma grande festa. Ao que tudo indica, Benedito Araújo foi atendido e passou a cumprir a promessa. Ele presidiu a festa e recepcionou os santos até a sua morte, na década de 80. A comunidade não deixou a tradição morrer. Durante três dias há orações, cantos e banquetes. Além destas, destacam-se também as festividades de São Benedito e de São Sebastião, nos dias 19 e 20 de janeiro, respectivamente. Em junho, a Prefeitura Municipal de Tracuateua realiza o Festival Folclórico, que toma lugar na Praça de Eventos. O artesanato local é basicamente formado por peças feitas em junco, bambu, palha, tucu, casca de canarana e panelas de barro. A atividade artesanal é tradicionalmente passada de mãe para filha. O artesão Raimundo Silveira usa como matéria-prima de suas peças, sobretudo de decoração, materiais que vem da natureza. São mariscos de praia, bambu, babaçu, madrepérola e sementes. Outra artesã, Francisca Pereira, moradora da vila de Quatipuru-mirim, aprendeu os rudimentos da cerâmica com a mãe e adaptou os pequenos jarros que fazia às necessidades do local: seus panelões de barro coloridos, preparados durante o verão (feitos com argila, cacos de panelões quebrados e um pouco de água) são usados sob as calhas de todas as casas da Vila, com o objetivo de coletar as águas das chuvas. Assim, do trabalho da artífice depende a reserva de água doce em Quatipuru-mirim. Como único equipamento cultural, Tracuateua possui uma única Biblioteca Pública com um modesto acervo para atender às crianças do ensino fundamental. LIMITES
A Leste - Município de Bragança
Ao Sul - Município de Santa Luzia do Pará
Ao Norte - Oceano Atlântico
A Oeste - Municípios de Capanema e Quatipuru
LOCALIZAÇÃO
O município de Tracuateua localiza-se na região nordeste do Estado, a aproximadamente 188 Km de Belém. Pertence à Mesorregião Nordeste Paraense e à Microrregião Bragantina. PATRIMÔNIO NATURAL
O Município destaca como acidentes geográficos os rios Caeté, Estirão e Tracuateua. Além desses, merecem destaque o rio da Ponte (há uma ponte de concreto sobre ele), que banha a sede municipal, localizado próximo ao marco inicial da cidade -; o rio Lava-tudo, rota para quem quer desvendar o litoral ou a costa atlântica do Estado do Pará. O rio Lava-tudo é escuro e gelado e no verão amazônico, entre os meses de junho e agosto, é muito freqüentado por turistas. Nos demais períodos do ano é área de lazer para os moradores da vizinhança. O rio f**a distante do centro da cidade 13 Km, que são percorridos por uma estrada de terra; e o rio Quatipuru-mirim, que banha a Vila de mesmo nome. A temperatura ao longo do rio Lava-tudo é agradável, mas no ponto em que ele se mistura com rio Quatipuru-mirim, as margens vão f**ando distantes, não existe mais a proteção da mata ciliar e o calor começa a incomodar os viajantes. Somados aos rios que cortam o Município, existe uma diversidade de igarapés, furos e mangais. Algumas praias do Município são banhadas pelo Atlântico. As duas mais conhecidas são a de Quatipuru-mirim e da Ilha Otelina. O trajeto mais curto entre Tracuateua e a praia de Quatipuru-mirim é pelo porto da Alemanha (não se sabe a origem do nome) e dura cerca de 40 minutos na estação seca. No período das chuvas a estrada que dá acesso ao porto f**a alagada, por isso a viagem é feita pelo rio Lava-tudo. A Ilha Otelina f**a em frente à vila de Quatipuru-mirim. É uma praia típica da região amazônica, com vegetação de restinga e areias brancas. A Ilha das Garças também é destaque no Município porque se transforma num grande ninhal de pássaros (garças, guarás), que no final da tarde retornam aos ninhos em revoada. Para alcançar a ilha é preciso atravessar o furo do Veadão e a baía de Maiaú. Entre a praia e a ilha são cerca de três horas. A viagem pelo mangue é linda. VEGETAÇÃO
Predominam no município os campos naturais, tais como os das comunidades de Santa Tereza, Cocal, Santa Clara, Tatu, Flexal, Flexeira e Chapada. No inverno, os campos de Tracuateua lembram a paisagem do Marajó. O caminho até o Cocal desvenda uma bela visão: as águas que banham os campos são transparentes e na maior parte de sua extensão a profundidade chega a pouco mais de meio metro. Com a seca do verão o junco aflora, lembrando a paisagem da lha do Marajó. O campo chamado Flexeira constitui uma área de preservação ambiental. Além dos campos, a área alagada também tem um aspecto esverdeado por causa do semente do apii, um vegetal que o taquiri (ave) transporta no bico e deposita na região. Segundo o professor Marivaldo Correia a Flexeira, merece cuidados especiais, pela beleza da paisagem e pela existência de aves e ofídios em vias de extinção. Por isso, conscientiza os moradores e visitantes a manter o equilíbrio do local e reforça essa consciência junto aos alunos da escola onde leciona.]
Um dos mais belos espetáculos da natureza que ocorre no Município é a florada de um corredor de ipês próximo ao prédio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) que, em novembro, forma um tapete de flores amarelas. GEOLOGIA
No caminho do Cocal há a pedreira Santa Mônica, que há 50 anos fornece brita para a região. A exploração da mina abriu um imenso buraco, com cerca de 20 metros de profundidade e muitos outros de largura. Lá trabalham homens e máquinas para retirar a maior riqueza da região: o granito. CLIMA
O clima de Tracuateua é equatorial quente e subseco. O Município conta uma Estação Meteorológica.